Estava estudando Pensamento Econômico, o que aparentemente não tem muita relação com Identidade e Cultura, através das ementas, mas na nossa cabeça as informações se misturam e fazem uma bagunça divertida.
Ao ler um capítulo que fala sobre os Utilitaristas, e as características que eles atribuem como naturais e inerentes a nós, humanos, refleti sobre algumas coisas que vivenciei.
Quais são essas características?
São: a busca pelo prazer máximo e o caráter egoísta e individualista.
Bom, é sabido que a gente não precisa entender a cultura, e muito menos de onde vem uma crença, para acreditar nela.
Nos tempos de colégio eu ajudei uma colega de classe a estudar química porque eu gostava de química, porque tinha facilidade e porque sozinha eu não conseguia estudar.
Foram estes os motivos que encontrei na minha cabeça.
Mas também foi porque eu gosto de passar para os outros aquilo que sei e que me agrada, e gosto quando prestam atenção na informação, gosto de explicar e fazer as pessoas entenderem.
Isso foi o que eu ignorei.
Ignorei também que a cooperação não é uma ajuda, uma caridade, não é algo unilateral, é algo que implica em benefícios para todos os envolvidos, e que isso além de ser possível, não é egoísta, nem altruísta. Não é necessário pensar as coisas em dualidades, em pedaços, fragmentos. Não é necessário pensar relações em opostos, mas eu já estou perdendo o foco do texto...
Bom, cheguei a conclusão, naquela época, de que eu assim como os outros seres humanos, sou egoísta até mesmo quando pareço estar sendo altruísta, e encontrei uma série de situações para justificar isso, sem me preocupar em procurar alguma para negar, e certamente eu teria encontrado.
Os erros de raciocínio foram muitos, mas, ao ler sobre Adam Smith e os utilitaristas, percebi como certos componentes culturais influenciaram minha avaliação, mesmo que eu não soubesse de onde eles vinham, e que com base nos mesmos erros de raciocínio eu poderia ter chegado a diferentes conclusões de a cultura na qual cresci fosse outra.
Quando cheguei em Stuart Mill, também um utilitarista, mas este considerado "eclético" pelos autores do livro (Hunt e Lautzenheiser) identifiquei o pensamento que estava se desenhando na minha cabeça dias antes: justamente a influência cultural sobre esse caráter egoísta de avaliação, o auto-interesse, etc.
Mill diz, de forma bem correta na minha avaliação, que se o sistema socio-econômico fosse outro provavelmente não seria o caráter egoísta o dominante. E é verdade, a antropologia tem exemplos de comunidades tribais baseadas em outros paradigmas.
Mas ai me lembro de Freud e do Mal Estar da Civilização...
Sobre isto será meu próximo post.
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